terça-feira, dezembro 14, 2010

Michael. Digno.

Michael Jackson continua sendo uma máquina de fazer dinheiro, mesmo após a sua morte. Prova disso são os inúmeros lançamentos de livros, filmes e, agora, o primeiro (de muitos?) disco póstumo.

Chega hoje às lojas nos Estados Unidos Michael, via Epic Records. Apesar do caráter oportunista que o álbum traz, a análise do trabalho não pode ser prejudicada. Para a minha surpresa, o material é ótimo.

Não me importo com o que andam dizendo por aí, se contestam a veracidade e honestidade do disco ou se as vozes foram processadas em estúdio, o que interessa, no momento, é a oportunidade de ouvir músicas inéditas do rei.

O ar nostálgico impera por todo o disco, a começar pela capa, feita por Kadir Nelson, relembrando grandes momentos da carreira do astro do pop, passando pelo clipe Hold My Hand.

Mesmo não comprometendo as músicas em que dão o ar da graça, dispensaria as participações de Akon e 50 Cent. Quem se salva a pele dos convidados é Lenny Kravitz, que gravou (I Can't Make It) Another Day, um dos destaques do álbum.

Tendo apenas fitas demo nas mãos, os produtores fizeram de tudo para não deixar o disco soar inacabado. E conseguiram, de certa forma. As batidas são fortes, as músicas soam atuais, cheias de energia. Como é bom poder ouvir Michael Jackson de novo.

Ouça Hollywood Tonight e Behind the Mask.



segunda-feira, novembro 29, 2010

Yes em Floripa: Histórico*

O Yes fez um show irrepreensível no Floripa Music Hall, na noite de sábado. A opinião dos presentes, que conferiram as apresentações do Deep Purple e de Glenn Hughes, na Ilha, no ano passado, foi quase unânime: o dia 27 de novembro de 2010 ficará para a história como um dos melhores shows que a Capital já recebeu.

A performance do quinteto britânico, formado em 1968, em Londres, foi impressionante durante a 1h45 de rock progressivo. Steve Howe (guitarra), Chris Squire (baixo, foto) e Alan White (bateria), todos acima dos 60 anos, demonstraram muita disposição e ficaram empolgados com a resposta do público, que cantou todos os refrões e bateu palma a cada solo.

Se havia alguma desconfiança em relação ao novato Benoit David (vocal, foto), substituto de Jon Anderson, as dúvidas se dissiparam logo em Siberian Khatru.

O cantor canadense, que fazia parte de uma banda chamada Close to the Edge, nome do maior clássico do Yes, foi perfeito. Se fechássemos os olhos, era possível visualizar Anderson, tamanha a semelhança entre as vozes.

Além disso, o baixinho foi muito simpático e ensaiou umas palavras em português para se comunicar com a platéia. Simpatia, aliás, foi a marca da banda nessa passagem pela Ilha. Com exceção de Howe, todos atenderam os fãs no lado de fora do Floripa Music Hall, posando para fotos e dando autógrafos.

Outro destaque da apresentação foi o tecladista Oliver Wakeman. Aos 38 anos, o filho mais velho (o caçula, Adam, toca com Ozzy) do mago Rick Wakeman, que integrou o Yes em cinco ocasiões, não sentiu o peso do sobrenome que ostenta e deu um show em músicas como Roundabout e Starship Trooper, repletas de improvisos característicos do rock progressivo. Quem não foi, perdeu. Quem foi, não esquecerá.

* Com fotos de Marcelo Bittencourt.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Kanye West é (sim!) o novo rei do pop

My Beautiful Dark Twisted Fantasy, quinto disco do produtor e rapper norte-americano Kanye West, não é apenas o melhor da sua carreira, iniciada em 2004. O trabalho é, também, um marco para a música pop, sem exageros.

Não consigo imaginar outro artista concebendo um álbum como esse, tão bem acabado, extravagante e corajoso. Nunca pensei que adjetivaria um disco de hip-hop como épico. Ouvir MBDTF, a obra-prima de West, como o próprio define, é um desafio, antes de tudo.

O disco, lançado na segunda-feira pelas gravadoras Def Jam e Roc-A-Fella, teve orçamento estimado em U$ 3 milhões. Entre os muitos convidados especiais que figuram nos quase 70 minutos de pura magia estão Jay-Z, Rihanna, John Legend, Alicia Keys, Fergie, Elton John e Chris Rock, para citar somente alguns.

Depois do synthpop romântico e dançante do ótimo 808s & Heartbreak, gravado em 2008, Kanye West volta a ditar as regras. O novo disco veio para destruir os conceitos que temos sobre o mundo pop. Como a Rolling Stone publicou, ninguém metade são teria feito esse álbum.

No ano passado critiquei o comportamento egocêntrico do astro, que se acha o rei do pop. Depois de ouvir My Beautiful Dark Twisted Fantasy estou considerando a ideia. Kanye West tem, finalmente, um motivo para ser arrogante, afinal, ele é o cara. Candidato a disco do ano.

Ouça o primeiro single, Power, abaixo. E não deixe de conferir (aqui) o filme Runaway. Simplesmente imperdível.


domingo, setembro 19, 2010

40 anos sem Jimi Hendrix*

Johnny Allen Hendrix, nascido em Seattle no ano de 1942, teve sua carreira abreviada pela pressão emocional que tomou conta de sua vida durante uma carreira bombástica. Reconhecido até hoje por suas irreverentes criações, Hendrix é considerado o melhor e mais talentoso guitarrista de todos os tempos. Sua genialidade não tinha limites.

Com uma vida cheia de altos e baixos, Jimi cuidou de seu irmão mais novo durante toda a juventude, serviu nas forças armadas e, por um golpe de sorte, deixou de ser convocado para o Vietnã. O jovem talentoso Jimi Hendrix, que só foi reconhecido pelo seu talento ao formar um trio com Noel Redding (baixo) e Mitch Michell (bateria).

Em Londres, Jimi lançou Are You Experienced, que incendiava as plateias com seus poderosos riffs em Purple Haze e Fire. Sua carreira deslanchou ao retornar para os EUA para tocar num festival na cidade de Monterey. Neste show, pela primeira vez Jimi incendiou sua Fender Stratocaster no palco, cena mais do que conhecida.

Hendrix terminou sua carreira entorpecido por LSD, álcool e barbitúricos. Em seu leito de morte foi encontrado uma cartela de remédios tarja preta, restando apenas um comprimido. É lamentável ter terminado assim a vida do maior guitarrista de todos os tempos, mas ele nos presenteou com seu magnífico trabalho e até hoje influencia gerações.

* por Thiago Zimmermann Melo, especialista em Jimi Hendrix.

Veja Hear My Train A Comin'.

terça-feira, setembro 14, 2010

Quanta diferença...

Até pouco tempo atrás, quase tudo o que eu sabia de guitarra, ou o que me fazia gostar dela, tinha ligação com Marty Friedman. Por causa dele virei do Megadeth, minha banda preferida.

Como pode o cara que gravou o solo de Tornado of Souls, que ainda hoje me emociona, ter lançado esse lixo chamado Bad DNA? O nono trabalho de estúdio do guitarrista não lembra em nada o brilhante compositor de Forbidden City.

Há tempos que Friedman investe em esquisitices, e o resultado não poderia ser outro: Sua carreira não é sombra do que foi. O engraçado é que o trabalho de guitarra nesse disco é ótimo, mas a bateria eletrônica acabou com tudo, infelizmente.

Ouça Specimen, faixa de abertura do álbum.



Ao ouvir Fuzz Universe, terceiro disco instrumental (nono de estúdio) na sequência de Paul Gilbert, fico me questionando se existe alguém no mundo capaz de superá-lo nas seis cordas. Acho difícil.

O guitarrista, que fez fama nos anos 90 com a banda de hard rock Mr. Big, exibe uma regularidade impressionante no novo trabalho, lançado no início de agosto.

Dono de um senso de humor e talento únicos, Paul Gilbert nunca decepciona. Confesso que gosto mais dos discos em que o guitarrista também canta, mas seria um pecado se ele não fizesse discos como Fuzz Universe.

Ouça a faixa-título.



E aí, qual é o melhor?

quarta-feira, julho 28, 2010

O puro heavy metal do Grand Magus

Fundado em 1996, em Estocolmo, Suécia, o Grand Magus gravou o seu primeiro trabalho somente após cinco anos. No mês passado, o trio lançou Hammer of the North, seu quinto álbum, pela Roadrunner Records alemã.

O grande trunfo do grupo é o vocalista, guitarrista Janne "JB" Christoffersson, que saiu recentemente do Spiritual Beggars para se concentrar somente no Grand Magus. Além de ser um cantor incrível, o cara ainda manda bem nas seis cordas.

Tanto nas composições mais rápidas, como a furiosa I, the Jury, que abre o disco, quanto no encerramento, com a cadenciada Ravens Guide Our Way, o trio, completado por Fox Skinner (baixo) e Sebastian Sippola (bateria), abusa da simplicidade e faz um som direto e pesado.

Se com Iron Will, lançado em 2008, o Grand Magus tinha dado um grande passo para a saída do underground, com o novo álbum as portas do sucesso foram escancaradas. Nada mais justo, pois Hammer of the North é fantástico.

No dia 25 de janeiro, escrevi que o Orphaned Land gravou o melhor disco de 2010. Duvidei que algum grupo superasse os israelenses, mas estava enganado. Pensar na lista de final de ano está cada vez mais difícil. Culpa do Grand Magus e do seu puro heavy metal.

Veja o clipe de Hammer of the North.

quarta-feira, julho 21, 2010

A melodia pesada do Flametal

Os leitores do blog já puderam conferir clássicos do rock e heavy metal transformados brilhantemente em jazz pelo guitarrista Alex Skolnick (Testament) e seu trio.

Se com o jazz as canções ganharam um ar requintado, imaginem como seria ouvir Iron Maiden, Slayer e Megadeth em versões de música flamenca, com todos aqueles dedilhados sensacionais e as batidas das castanholas.

Heavy Mellow é o terceiro disco do Flametal, lançado de forma independente no mês de maio. Como o nome explicita, o grupo liderado guitarrista Benjamin Woods une em suas composições o peso do heavy metal com a técnica apurada e bravura do flamenco.

Nos dois primeiros álbuns do Flametal, gravados em 2005 e 2008, Woods resolveu apostar em material próprio. Os trabalhos foram bem aceitos, mas não alcançaram a repercussão desejada. Talvez por isso, o exímio guitarrista voltou sua atenção para as releituras, a fim de conseguir maior atenção da mídia especializada.

Apesar de ser tecnicamente perfeito, não é o tipo de som que a gente pode ouvir a qualquer hora, todos os dias. Vale mais pelo caráter inusitado e pela curiosidade em ouvir temas como Gates of Babylon (Rainbow), Bark at the Moon (Ozzy), Sails of Charon (Scorpions) e muitas outras na guitarra flamenca.

Ouça Aces High, faixa de abertura de Heavy Mellow.

segunda-feira, julho 19, 2010

Sound Session #10 (Dave Meniketti)

Dave Meniketti está na ativa desde 1974, quando formou na Califórnia o Y&T. Mesmo com quatro milhões de discos vendidos ao redor do mundo e 12 trabalhos de estúdio gravados, o grupo nunca foi citado entre os grandes do hard rock/heavy metal, tão pouco Meniketti é tido como um músico influente. Seus dois álbuns solo (de 1999 e 2002) passaram igualmente despercebidos, mas revelam as habilidades de Meniketti nas seis cordas e como vocalista. Ouça o blues Loan Me A Dime.

quinta-feira, julho 15, 2010

Viva a Sociedade Soul

A primeira coisa que chama a atenção no trabalho de estreia da Sociedade Soul, lançado no dia 9 com um grande show no TAC (Teatro Álvaro de Carvalho), em Florianópolis, é o caprichado encarte, que contém todas as letras e informações sobre o disco.

A produção cristalina do álbum, assinada pelo mago do mundo fonográfico catarinense, Ricardo Vidal, que já trabalhou com o Dazaranha e O Rappa, é outro ponto que deve ser destacado. Os grooves e o balanço são inebriantes.

Os responsáveis por fazer esse som dançante e de alto apelo radiofônico são Gustavo Barreto (ex-Phunky Buddha, vocal e guitarra), Marco "Nego" Aurélio (baixo), Diego Carqueja (teclados) e André FM (bateria e percussão). As influências são as melhores possíveis, de Tim Maia a George Clinton.

É complicado escolher as melhores em um disco tão bacana como esse, mas posso citar Caminho do Meio (não tem como ficar parado!), a deliciosa Comigo Aqui, Comigo Lá e Contradição e seus riffs distorcidos como as minhas preferidas. A faixa-título também rouba a cena.

Como a Sociedade Soul pode ser independente? Onde estão as gravadoras? Os caras são bons demais para ficarem conhecidos somente do público daqui. Esse quarteto de Floripa é a prova de que ainda se faz música de qualidade no Brasil, apesar do que vemos por aí nos fazer pensar o contrário. Viva a Sociedade Soul!

Veja o clipe de Jardim das Delícias.

terça-feira, julho 13, 2010

Dia mundial do rock completa 25 anos

Quando o músico irlandês Bob Geldof organizou o Live Aid, no dia 13 de julho de 1985, mal sabia ele que a data seria escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o Dia Mundial do Rock.

Para não deixar passar batido, resolvi prestar (de novo) uma homenagem ao grande Ronnie James Dio, o melhor vocalista do gênero, que completaria 68 anos se estivesse entre nós.

Depois do seu falecimento, no mês de maio, tributos e mais tributos chegam ao mercado tentando ganhar algum em cima do carismático baixinho. A exceção fica por conta do cantor norueguês Jorn Lande, que desde o ano passado vinha trabalhando em um álbum dedicado a ele.

Fã declarado do vocalista, Jorn já tinha gravado duas músicas de Dio no disco Unlocking the Past, de 2007. Com a morte dele, houve gente que o chamou de oportunista, mas quem o conhece sabe que Dio é apenas um tributo ao ídolo.

O que importa é que o disco, cujo repertório mescla canções da carreira solo do baixinho e da sua passagem pelo Black Sabbath, é um trabalho honesto, do qual Dio ficaria feliz e orgulhoso em ouvir.

Ouça abaixo a inédita Song For Ronnie James, que ganhou um clipe, que pode ser visto clicando aqui.

sexta-feira, julho 09, 2010

Novos rumos para o Danger Danger

A avalanche de hard rock que aconteceu nos anos 80, motivada pelo sucesso de Mötley Crüe e Poison, infestou o cenário musical com muita porcaria, mas também deu oportunidade para grupos como o Danger Danger.

A banda surgiu em Nova Iorque, em 1987, e tinha em sua formação os talentosos Andy Timmons (guitarra) e Ted Poley (vocal), que gravaram os dois primeiros discos do Danger Danger, em 1989 e 1991.

Dois anos depois, Ted e Andy saíram do grupo. O baixista Bruno Ravel se encarregou das guitarras e o ótimo vocalista Paul Laine foi contratado. Com exceção do fraco Dawn, de 1995, a banda não decepcionou nos três trabalhos seguintes. Pena que o hard rock já tinha perdido força faz tempo e os álbuns não tiveram a devida repercussão.

No ano passado, o grupo lançou Revolve, o primeiro com o guitarrista Rob Marcelo. O disco também marca a volta de Poley aos vocais após 18 anos. O que ouvimos são belas melodias, refrões grudentos e ótimos riffs e solos de guitarra, características do hard rock.

Se o Danger Danger era considerado do segundo escalão do estilo, não será mais. Eles devem aproveitar o bom momento e, sendo dos poucos remanescentes, conquistar uma posição maior entre os grandes nomes do gênero. Qualidade não falta.

Ouça Beautiful Regret.

quarta-feira, julho 07, 2010

A volta às origens do KoЯn

No próximo dia 13, o KoЯn lança nos Estados Unidos III - Remember Who You Are, nono álbum de estúdio, pela Roadrunner Records. Apesar de não ter nenhuma música memorável, o trabalho é consistente como poucos na discografia do grupo.

Os detratores podem ter os seus motivos para não gostar da banda, mas justificar que eles são new metal é pura ignorância. Se tem uma coisa que não se compra por aí é identidade. Não existe outro KoЯn.

Ross Robinson (Sepultura, Limp Bizkit, Slipknot, entre outros) é o responsável pelo resgate da sonoridade praticada nos dois primeiros álbuns do grupo, - KoЯn (1994) e Life is Peachy (1996) - dos quais foi o produtor e engenheiro de som.

O resultado alcançado é não menos que impressionante. Todo o peso descomunal das guitarras de Munky, o incondível timbre do baixo de Fieldy e os fantásticos, porém esquisitos vocais de Jonathan Davis estão em Remember Who You Are. Menção honrosa para o baterista Ray Luzier pelo excelente trabalho.

Um ótimo clipe foi gravado para Oildale (Leave Me Alone), primeiro single do disco, lançado no dia 4 de maio. O KoЯn apostou na simplicidade dessa vez e, mesmo assim, continua sendo uma das melhores e mais originais bandas da sua geração.

Ouça The Past.

domingo, julho 04, 2010

Sound Session #9 (India.Arie)

Após alguns finais de semana de inatividade, a Sound Session está de volta. A estrela desse post é a cantora norte-americana India.Arie. Apesar de ser uma ilustre desconhecida no Brasil, a talentosa artista do Colorado já tem quatro ótimos discos lançados, sendo o último, Love & Politics, no ano passado. Aos 34 anos e com muita estrada pela frente, India tem tudo para ser um dos grandes destaques da música pop. Competência (de sobra) ela tem, como você pode ouvir em Video, de 2001.

sexta-feira, julho 02, 2010

Sinatra & Jobim: o fecho da bossa nova

Em 1967, com o movimento bossa nova praticamente desfeito, o estilo teve o seu grande e último suspiro: a gravação do clássico LP Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim.

A parceria entre o maestro, compositor, pianista, arranjador e violonista carioca com Sinatra só poderia render um disco como esse, elegante e genial como poucos.

Em 2008, entrevistei o crítico musical do JB, Tárik de Souza, maior referência em música popular brasileira no país, para o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Sobre o disco, o jornalista comentou:

* É quase o fecho da bossa nova, aquela história que sempre é uma piada, que o primeiro mundo se curva ao terceiro mundo. E aí foi verdade. Um cantor ainda no auge do prestígio, que era considerado o maior cantor do mundo na época, chama um compositor do terceiro mundo para dividir um disco com ele. Inclusive cantando. Ele poderia chamar o Tom Jobim para fazer alguns arranjos, ou então para tocar um violão lá no fundo e ele gravar algumas músicas. Mas não, ele colocou o Tom também pra cantar. Isso é um reconhecimento espontâneo de artista para artista, da qualidade artística da bossa nova, e da relevância musical da bossa nova.

* Tárik de Souza Farhat, jornalista e crítico musical nascido no Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1946. Trabalhou na Veja, Folha de São Paulo, Istoé, Show Bizz, Playboy, entre outras publicações. Atualmente escreve para o Jornal do Brasil.

O que eu posso escrever depois disso? Veja os dois em ação num especial para a TV americana de 1967.

terça-feira, junho 29, 2010

Slash surpreende em "novo" disco

Confesso que relutei em conferir o "novo" disco de Saul Hudson, o Slash, lançado no dia 6 de abril via EMI. O primeiro trabalho solo do emblemático guitarrista, no entanto, me surpreendeu positivamente pela qualidade das músicas.

A principal virtude do novo álbum talvez seja a escolha dos (muitos) convidados especiais. Parece que as canções foram compostas especialmente para cada um deles. Não imagino outro a não ser Ozzy Osbourne para cantar a fantástica Crucify the Dead, um recado (leia) para Axl Rose.

Impossível, também, ouvir o início de Doctor Alibi e não pensar em Lemmy Kilmister, do Motörhead. O disco é tão bom e coeso que até a insossa Fergie soa bem ao lado do guitarrista em Beautiful Dangerous. Outro que eu nunca botei fé e se destaca é o Kid Rock, que canta muito em I Hold On, uma das melhores do CD.

Mas quem rouba a cena mesmo no disco é o vocalista Myles Kennedy, mais conhecido pelo seu trabalho com o Alter Bridge. Além de ser o único a gravar duas músicas (Back From Cali e Starlight), o cantor foi chamado para sair em turnê com Slash.

Na estelar lista de participações ainda temos Adam Levine (Maroon 5), Ian Astbury (The Cult), Dave Ghrol (Foo Fighters), Iggy Pop, Andrew Stockdale (Wolfmother), que gravou o clipe By the Sword, entre outros. Tá fraco de amigos o cara, hein?

Musicalmente, Slash está mais vivo do que nunca e, ao contrário do que muitos pensavam, ele ainda faz a diferença. Sua importância para a música não se mede apenas pela constelação de artistas que gravou com ele, mas pelo que é capaz de produzir. Se não estiver na lista dos melhores desse ano, chuto o balde.

Confira também o post no blog Collector's Room.

Ouça Promise, na voz de Chris Cornell.

terça-feira, junho 22, 2010

A falta que Zakk Wylde faz

Scream, novo disco de Ozzy, lançado hoje pela Epic Records, confirma algo que todos sabiam que aconteceria: o Príncipe das Trevas sente falta de Zakk Wylde, seu pupilo e parceiro de composição há mais de 20 anos.

Confesso que não dei a atenção merecida (deveria?) para Black Rain, último trabalho da eterna voz do Black Sabbath com o guitarrista. Há tempos, mais precisamente desde Ozzmosis, o cantor britânico de 61 anos não grava um álbum convincente.

Ora bolas. Qual o problema, então, em Scream? Simples. Os harmônicos poderosos e o estilo inconfundível de Zakk Wylde não estão presentes no disco. É muito estranho ouvir a voz do Madman sem o acompanhamento dos riffs monstruosos do guitarrista.

Para o seu lugar, Ozzy contratou o jovem e talentoso Gus G., conhecido pelos seus trabalhos com o Dream Evil, Firewind, Mystic Prophecy e Nightrage. Apesar de ter apenas 29 anos, o grego é experiente e não decepciona, mas não adianta. Os fãs querem Zakk Wylde.

Em entrevista publicada na última Veja, o vocalista declarou que faz sempre o mesmo disco.  "As músicas têm o mesmo estilo e as letras tratam dos mesmos assuntos. Mas estou com um guitarrista novo, o grego Gus G.", disse.

Por mais contraditório que possa parecer, gostei do disco. A entrada do guitarrista grego deu uma renovada no som de Ozzy, mas acho que os fãs mereciam mais. Parece que está faltando alguma coisa. E você, sentiu falta do Zakk? O Príncipe das Trevas, pelo que mostra em Scream, sim.

Ouça Let It Die, faixa de abertura do novo disco.

quinta-feira, junho 17, 2010

15 anos sem Rory Gallagher*

É inconcebível não ver o nome de Willian Rory Gallagher na lista dos 100 maiores guitarristas do mundo. Este irlandês, que teve sua vida abreviada por uma infecção hospitalar em 1995, aos 47 anos deixou para o mundo seu magnífico trabalho musical em muitos álbuns.

Gallagher possuía um talento singular no qual a presença de palco e a energia da multidão davam asas a sua genialidade fazendo com que ele despejasse solos improvisados que até hoje deixam muitos célebres guitarristas impressionados.

Seu medo por aeronaves fazia com que seus shows se restringissem a somente alguns países da Europa, tornando assim pouco divulgado seu trabalho no ocidente. Acompanhado de sua Stratocaster desde os 15 anos de idade, Rory era perito, posso assim dizer, em extrair sons poderosos com muita naturalidade sem o uso de pedais, apenas utilizava os efeitos originais dos cubos valvulados da época.

Não há como escolher um álbum que seja o melhor de sua carreira, mas posso me referir às músicas que fazem mais sucesso no meu player como: Messing With the Kid, do álbum Live! In Europe; Calling Card do álbum Calling Card; e Crest of a Wave do álbum Deuce.

* por Thiago Zimmermann Melo, leitor do blog e fanático pelo guitarrista irlandês.

Ouça Calling Card.

quarta-feira, junho 02, 2010

O que houve com o STP?

Após nove anos, finalmente, o Stone Temple Pilots lançou um novo disco. O sucessor de Shangri-La, homônimo, é bom, mas não empolga.

Se esse trabalho do STP apresentasse grandes solos de guitarra, não seria exagero pensar, ou até afirmar que estamos ouvindo o Velvet Revolver, banda da qual Scott Weiland (vocal) fez parte nos últimos anos.

São 12 músicas agitadas, simples e curtas. Apenas duas faixas ultrapassam os quatro minutos de duração. A voz de Weiland está um pouco diferente, cadê aquelas interpretações inspiradas de Creep, Plush ou Wonderful? Tudo soa muito sem vontade.

O sexto disco do STP, que saiu no dia 25 do mês passado pela Atlantic Records, é apenas burocrático. Nada explica que uma das melhores do álbum seja Samba Song, uma sobra do Shangri-La.

Scott Weiland, Dean DeLeo (guitarra), Robert DeLeo (baixo) e Eric Kretz (bateria) gravaram boas músicas, mas bem que poderiam ter ficado cada um no seu canto. Poupariam-me da decepção.

Ouça Maver, última faixa de Stone Temple Pilots.

domingo, maio 23, 2010

Sound Session #8 (Jeremias sem Cão)

Prestes a lançar o segundo disco, Carpe Diem, o trio Jeremias sem Cão, de Biguaçu/SC, lança o single Vulcão oficialmente hoje, aqui no Estética Musical. O álbum, produzido pelos irmãos Alexei e Andrei Leão (da Stormental), deve sair após a Copa do Mundo. Com Carpe Diem, o Jeremias Sem Cão tem tudo para desbancar qualquer banda de rock and roll no sul do país, pode apostar. Ouça Vulcão, que conta com a participação do trombonista Marco Aurélio. Baixe aqui.

quarta-feira, maio 19, 2010

Cynic retraça sua sonoridade

Se por um lado sobram adjetivos para descrever o talento de Paul Alberto Masvidal na guitarra, suas habilidades como vocalista são mais modestas.

Em Re-Traced, mini-álbum do Cynic lançado na segunda-feira pela Season of Mist, isso fica mais do que evidente. Apesar de ter uma boa voz, Masvidal sentiu falta do Vocoder.

Não vou apontar como o pecado do EP o desempenho de Paul ao microfone, apenas senti falta da voz robotizada característica do genial ex-guitarrista do Death, que consta na fantástica música inédita Wheels Within Wheels.

A expectativa por um novo trabalho do Cynic era enorme por conta do lançamento de Traced In Air (2008), gravado 15 anos depois do mítico Focus, considerado uma obra-prima do metal. Essas quatro regravações darão o que falar. Em vez do peso das guitarras, violões e batidas eletrônicas.

Na primeira audição, estranhei bastante, mas entendi a proposta. Se o fã do grupo levar Re-Traced como uma visão diferente (e mais simples) das músicas, tenho certeza de que gostará do resultado. Sabendo que não será esse o caminho a ser percorrido pelo Cynic, fica mais fácil aceitar e gostar dessas versões. Ainda bem.

Ouça e compare Integral Birth e Integral (regravação).



segunda-feira, maio 17, 2010

E a voz do metal se calou...

Ainda estou abalado com a notícia da morte de Ronnie James Dio, ontem, aos 67 anos, de câncer no estômago. Sendo um grande ídolo meu, devo confessar que uma parte de mim se foi junto com ele.

Não tem, nunca houve, nem existirá alguém como ele. O baixinho foi, continua sendo e sempre será o maior vocalista do heavy metal em todos os tempos.

Depois de tudo o que já disseram, não preciso escrever mais que isso, mas presto a minha homenagem ao grande mestre. O dia 16 de maio fica conhecido a partir de agora como um dos mais tristes da história do rock. O dia em que a voz do metal se calou.

Wendy Dio, esposa do Deus do Metal, postou no site oficial do cantor a seguinte mensagem: "Meu coração está partido, Ronnie faleceu às 7h45. Muitos amigos e familiares puderam se despedir antes que ele fosse em paz. Ele sabia como era muito amado por todos... saibam que ele amou vocês todos e que a sua música viverá para sempre".

Ouça Self Portrait (Rainbow), Shame On the Night (Dio) e Computer God (Black Sabbath) para ter certeza de que ele foi o cara.





sábado, maio 15, 2010

Sound Session #7 (Boomerang)

O Boomerang surgiu em 1970 após o fim do Vanilla Fudge. Enquanto Carmine Appice (bateria) e Tim Bogert (baixo) formaram o Cactus, Mark Stein (vocal e órgão) se uniu a três caras em Nova Iorque e gravou, em 1971, o disco homônimo. Apesar do fracasso nas vendas, que impediu o grupo de excursionar pelos EUA, Boomerang é um clássico perdido do hard rock setentista. Ouça Juke It.

quarta-feira, maio 12, 2010

Nevermore de volta ao topo com novo disco

Quem achou que o Nevermore seria deixado para trás depois que Warrel Dane (vocal) e Jeff Loomis (guitarra) iniciaram carreira solo, em 2008, se enganou.

Após o ótimo This Godless Endeavor (2005), último trabalho do quarteto, as expectativas para o novo disco da banda eram as maiores possíveis. Felizmente, elas corresponderam.

The Obsidian Conspiracy, que será lançado no dia 8 de junho nos Estados Unidos (mais cedo na Europa e Austrália) pela Century Media, é menos complexo que o anterior, mais direto e incrivelmente pesado, uma sonoridade semelhante a do criticado Enemies of Reality, de 2003.

Warrel Dane teve total liberdade nesse álbum e não decepciona, suas linhas vocais estão fantásticas como sempre. Jeff Loomis é uma máquina de criar riffs e solos arrasadores. Jim Sheppard (baixo) e Van Williams (bateria) completam o time infernal do Nevermore.

Outro ponto que realça a qualidade do grupo é o trabalho da dupla Peter Wichers (produção) e Andy Sneap (mixagem), que deixou o som de The Obsidian Conspiracy cristalino. Ainda é cedo para dizer em que lugar o disco pode chegar. No momento, basta dizer que ele é sensacional.

Ouça Emptiness Unobstructed.

segunda-feira, maio 10, 2010

Não foi dessa vez, Godsmack

Certas bandas não sabem a hora de parar. Não que The Oracle, novo disco do Godsmack, lançado no dia 4 desse mês pela Universal, seja ruim, o problema está na falta de criatividade.

Apesar de ser o mais pesado na trajetória do quarteto, iniciada há 14 anos, em Boston, o trabalho não traz nada de novo, repetindo a fórmula usada nos quatro álbuns anteriores.

Sempre achei o grupo formado por Sully Erna (guitarra e vocal), Tony Rombola (guitarra), Robbie Merrill (baixo) e Shannon Larkin (bateria) esforçado. Ao longo do tempo eles produziram um punhado de boas músicas que renderia uma coletânea honesta. E deu.

Muita gente não gosta dos caras alegando uma suposta cópia do Alice In Chains. Nada a ver. A banda tem a sua própria identidade, só que o som não é lá essas coisas mesmo. O Godsmack gravou um disco que é bom do início ao fim, pena que você não se lembra da primeira música quando ele acaba.

Ouça Cryin' Like A Bitch, primeiro single de The Oracle.

sábado, maio 08, 2010

Sound Session #6 (Guthrie Govan)

Em meio a tantos guitarristas frios e sem alma por aí, o inglês Guthrie Govan (1971, Essex) se destaca pela sensibilidade. Govan pode tocar muitas notas por segundo como todos os outros, mas não é um exibicionista. Fez parte do lendário grupo Asia (2001-2006) e gravou Erotic Cakes, seu único disco solo, em 2006, do qual selecionei a melodiosa Waves para você ouvir abaixo.

sexta-feira, maio 07, 2010

Prêmio Top Blog 2010: Vote!

Pela segunda vez participo do Top Blog. No ano passado, o Estética Musical ficou entre os 100 mais votados na categoria música, como você pode confirmar vendo selo próximo do final da página.

Para votar, basta clicar na imagem do prêmio no canto direito da página ou simplesmente acessar esse link. Só precisa colocar o nome e e-mail, para depois validar o voto.

Não custa nada. É fácil e rápido. Com a sua ajuda, quem sabe, o blog pode repetir a façanha do ano passado ou até mesmo ir mais longe. Depende somente de vocês. O Estética Musical agradece.

Vote aqui.

quarta-feira, maio 05, 2010

Tijuquera se arrisca em Rocksteady

O Tijuquera se deparou com duas situações completamente distintas ao lançar Rocksteady, o quarto disco da carreira.

O trabalho, gravado no Rio de Janeiro e produzido pelo renomado Carlos Trilha, apresenta uma qualidade absurda, mas não é o que esperava deles.

A influência do reggae presente em quase todas as músicas do álbum descaracterizou o som do Tijuquera, que ficou conhecido em nível nacional pela mistura de ritmos brasileiros, sempre mantendo as referências da cultura ilhéu.

Formada em 1994, em Florianópolis, a banda, que hoje conta com DaVila (vocal), Márcio Costa (guitarra), Alexandre DaMaria (percussão), Nilinho Adriano (baixo), Neno Moura (bateria) e Rodrigo Poeta (sampler), gravou um disco inconsistente, com músicas ótimas (Banho de Mar e Birutas) e outras sem graça.

O Tijuquera esqueceu da nova mpb (por enquanto) e se arriscou ao gravar Rocksteady. Apesar da produção caprichada e dos seus bons momentos, não me agradou. Mesmo assim, continua sendo uma das melhores e mais criativas bandas no nosso país.

Ouça Insônia, primeira faixa de Rocksteady.

segunda-feira, maio 03, 2010

15 anos de Ozzmosis

Eu não tenho nada contra a década de 80, muito menos contra o Randy Rhoads, mas o melhor disco do Príncipe das Trevas se chama Ozzmosis (1995).

Só de olhar o nome dos músicos no encarte assusta. Ozzy tem ao seu lado Zakk Wylde (guitarra), Geezer Butler (baixo), Rick Wakeman (teclados) e Deen Castronovo (bateria). Baita time, não acham?

Como se isso não bastasse, o vocalista divide as composições com Geezer, Lemmy e até Steve Vai, o que garante a variedade do material. O destaque do disco, no entanto, vai para Zakk Wylde, que coassina sete músicas e entrega uma performance inspirada.

Há quem diga o álbum conta com muitas baladas. Não discordo, mas não existe um fã de Ozzy que não goste de See You On the Other Side ou Ghost Behind My Eyes. Sem contar que ainda tem a clássica Perry Mason, a injustiçada Denial...

Ouça Tomorrow, a minha preferida.

domingo, maio 02, 2010

Sound Session #5 (Hank Williams III)

O multi-instrumentista Hank Williams III (1972, Tennessee) já gravou com as bandas Superjoint Ritual (baixo), Arson Anthem (bateria) e AssJack (guitarra e vocal), todas com uma sonoridade próxima do heavy metal. Mas é na sua carreira solo, iniciada em 1999, que o músico mantém as raízes da família. Filho e neto de artistas da música country, Hank se mostra um brilhante compositor, como você pode comprovar em 5 Shots of Whiskey.

quinta-feira, abril 29, 2010

A revanche do tango

Se eu tivesse de escolher apenas duas palavras para descrever o tango, com certeza seriam classe e melancolia. Em termos de elegância e tristeza, o ritmo portenho é imbatível, convenhamos.

E é justamente isso o que você encontra ao ouvir Tango 3.0, novo disco do trio parisiense Gotan Project, que foi lançado no dia 19 pela Ya Basta, gravadora de Philippe Cohen Solal.

Ao lado de Philippe, que é francês, Eduardo Makaroff (argentino) e Christoph Müller (suíço), produziram uma porção de músicas elegantes, tendo como base samples e batidas eletrônicas. O resultado desse encontro de culturas diferentes é incrível.

Para criar a atmosfera perfeita, Cristina Vilallonga e Daniel Melingo emprestam suas vozes para as requintadas canções elaboradas pelo trio formado em 1999.

Espero que não tenhamos de esperar mais quatro anos para outro álbum do Gotan Project, que se firma de vez como o grande nome do nuevo tango com o terceiro disco. Obrigatório.

Ouça a bela Érase Una Vez.

quarta-feira, abril 28, 2010

Entrevista: Alirio Netto (Khallice)

Olá, amigos e leitores do Estética Musical. É com grande prazer que anuncio mais uma novidade para o blog. A partir de hoje, todo mês tentarei postar uma entrevista com alguém ligado ao mundo da música.

O escolhido para dar início aos trabalhos foi Alirio Bossle Netto, o talentoso vocalista do Khallice, grupo de metal progressivo de Brasília. Nascido em Florianópolis, o músico conta detalhes da sua carreira e fala sobre o seu atual momento.

Ouça Letting Go e acompanhe a entrevista.



Estética Musical: Olá, Alirio. Obrigado por conceder essa entrevista. Para começo de conversa, como você está? Como foi abrir para o Guns N' Roses em Brasília?

Alirio Netto: Estou bem, brother. Obrigado por perguntar. Minha vida aqui em Brasília é muito bacana, tenho muitos amigos e a cidade me acolheu muito bem. Em relação a abrir pro Guns, foi um sonho pra nós e pra mim, pois quem me conhece sabe o quanto gosto dessa banda. Além do mais o Bumblefoot foi muito legal e adorou o nosso show. Ficamos quase todo o tempo com ele, no final do show a gente se divertiu muito com o Sebastian, que é um dos caras mais sangue bom que já conheci.

EM: Com o lançamento de The Journey, em 2003, o Khallice foi apontado como banda revelação e uma grande expectativa em torno do grupo foi criada. Como vocês lidaram com essa badalação e o status de Dream Theater brasileiro?

AN: Confesso que no começo foi muito legal essa coisa de Dream Theater brasileiro. A gente realmente conseguiu um espaço muito bom na mídia e tal, mas depois começou a incomodar um pouco, por que apesar da influência, o Khallice tem uma cara própria. Isso fica mais claro no Inside Your Head, em que a banda pode explorar muito a veia mais Hard Rock.

EM: Em 2008, vocês gravaram o ótimo EP Inside Your Head. Qual a intenção da banda em lançá-lo?

AN: Pra começar a gente lançou esse EP no Rio, quando abrimos pra Dream Theater. Distribuímos mil EPs para o público presente e naquele momento a intenção era mostrar que a banda estava na ativa e produzindo. Só pra completar a Magna Carta lançou o The Journey em 2007 em várias partes do mundo, o que também foi um impulso pra gente botar algo novo na praça.

EM: Qual o motivo para a demora no lançamento de um segundo disco do Khallice, Alirio? Ele vai sair mesmo? Se sim, pode nos adiantar alguma coisa?

AN: A demora acontece por vários motivos, mas o principal foram as trocas de baterista. Nos últimos cinco anos foram quatro! Acho que somos muito chatos (risos). De qualquer forma, todos nós temos outros projetos além da banda, sejam eles na música ou não, e isso acaba atrasando tudo. Não vamos usar nada do Inside Your Head, o que dará mais trabalho. Já temos muitas ideias em andamento e, se tudo andar como planejado, a gente lança esse CD em 2010.


EM: Quem são os teus ídolos na música? Quais são as tuas influências?

AN: Virei cantor por causa do Freddie Mercury do Queen, pra mim ele é o cara, mas gosto muito do Steve Perry do Journey, Steven Tyler, Sebastian Bach, Dio, Glenn Hughes e todos esses caras que cantam muito. Gosto muito de pop em geral, desde Michael Jackson até coisas como o Josh Groban, e os musicais da Broadway também têm uma grande influência na minha música. Gosto muito dessa coisa do teatro.

EM: Relate para nós como foi a experiência de encenar Jesus Christ Superstar no México. O que isso contribuiu na tua carreira e na tua forma de cantar?

AN: O lance do Jesus Christ começou em Brasília em 1999, quando eu fiz o papel pela primeira vez em uma produção local. Em 2000 mandei um vídeo pro México onde estavam fazendo audições para uma produção oficial, a partir desse vídeo eles me chamaram para os testes. Fui selecionado para o papel de Jesus entre 1500 candidatos de vários países e foram quase dois anos de temporada que acabaram por causa do atentado às torres gêmeas. Voltei pro Brasil em 2003 pra gravar com o Khallice e o resto é história.

EM: Conte um pouco da tua relação com Floripa. Vens sempre para cá? Como é a vida de um manezinho da Ilha em Brasília?

AN: Cara, Floripa é o melhor lugar do mundo! Se eu pudesse nunca sairia daí, sempre que posso dou uma passada aí porque tenho muitos amigos e família em Floripa. A vida de um mané em Brasília é muito boa, principalmente na parte da grana, que é um pouco mais justa. Aqui se paga um pouco melhor pela arte, e é quase tão legal quanto Floripa. Quase! Só faltam as praias, o clima, o povo, a comida, o Figueira e as praias novamente (risos).

segunda-feira, abril 26, 2010

Não tem pra ninguém

Com American Spiritual, lançado há 20 dias pela Acetate Records, o Dirty Sweet deixa de ser promessa para se tornar realidade.

O segundo disco é uma prova pela qual os grupos que se destacam têm de passar e muitos deles se perdem nessa hora. E o Dirty Sweet passou com sobras por essa fase, mostrando que o quarteto não está para brincadeira.

American Spiritual é infinitamente superior ao trabalho de estreia, ...Of Monarchs and Beggars (2007). Mais diversificado e maduro, o álbum foi produzido por Doug Boehm, que conseguiu capturar a magia dos anos 70 e deixar o som com um ar moderno ao mesmo tempo.

Tirando a capa, que é horrorosa, o novo disco é perfeito do início ao fim. Rock and roll simples, sem frescuras, para ouvir até o fim e repetir a audição.

Dois clipes imperdíveis foram filmados para promover American Spiritual. Em You've Been Warned, a banda está em um quarto para loucos. Em Marionette, a cena se passa no faroeste.

Não tem pra ninguém. O grupo de San Diego formado em 2003 por Ryan Koontz (vocal), Nathan Beale (guitarra), Christian Schinelli (baixo) e Chris Mendez-Vanacore (bateria), faz o melhor rock da atualidade. E isso diz muita coisa.

Ouça e vibre com Kill or be Killed.

sábado, abril 24, 2010

Sound Session #4 (Counting Crows)

Em 1993, Mr. Jones estourou no mundo inteiro e o Counting Crows ficou vivendo da breve fama conquistada com essa música, até que 11 anos depois Accidentaly In Love foi escolhida para ser entrar no Shrek 2. Ensaiaram uma volta aos bons tempos e sumiram de novo. O engraçado nessa história é que a melhor música deles não está em um disco oficial. Ouça Baby, I'm A Big Star Now, trilha de Rounders.

quinta-feira, abril 22, 2010

A arte de copiar (o AC/DC)

Existe uma pequena diferença entre apresentar influência de um determinado grupo no seu som, prestar tributo, do que simplesmente copiar uma banda. O caso do Airbourne é perfeito.

Além de ser australiana (de Warrnambool), o quarteto também conta com dois irmãos em sua formação. Coincidência? Quem vai saber. A verdade é que os O'Keeffe fazem um som idêntico ao AC/DC.

Com o segundo disco do grupo, No Guts. No Glory., lançado na terça-feira, dia 20, pela Roadrunner Records, a semelhança fica ainda mais evidente. A diversão, as letras sobre mulheres e rock and roll e os excelentes riffs e solos de guitarra são os mesmos.

Não vou dizer que os caras são ruins e que não gosto deles. A banda composta por Joel O'Keeffe (guitarra e vocal), David Roads (guitarra), Justin Street (baixo) e Ryan O'Keeffe (bateria) é muito competente.

O problema do Airbourne foi a fase do AC/DC escolhida para se espelhar. Em vez de homenagear o eterno Bon Scott, optaram pelos anos 80 e por Brian Johnson. Já dizia Marcos Mion: Se vai copiar, copia direito, p****!

Ouça a ótima Bottom of the Well.