quinta-feira, agosto 27, 2009

19 anos sem Stevie Ray Vaughan

Há exatos 19 anos um trágico acidente de helicóptero em East Troy, Wisconsin, tirava a vida do festejado guitarrista americano Stevie Ray Vaughan (3 de outubro de 1954).

Nascido em Dallas, Texas, o músico teve um carreira relativamente curta. Descoberto por David Bowie no Festival de Jazz de Montreux, em 1982, foi o primeiro artista sem gravadora a se apresentar no evento desde a sua criação (1967).

No ano seguinte, Bowie o convidou para tocar em duas faixas de Let's Dance. Ainda em 1983, Stevie Ray Vaughan, acompanhado de seus eternos comparsas Tommy Shannon (baixo) e Chris Layton (bateria), gravou a obra-prima Texas Flood, pela Epic Records.

Por ter conseguido reviver o blues numa época em que o cenário musical era dominado por bandas como o Mötley Crüe e The Police, SRV aparece em 7º lugar na lista dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos. Mesmo tendo partido cedo, aos 35 anos, Stevie marcou seu nome na história. É isso o que vale.

Ouça Dirty Pool, do disco Texas Flood, de 1983.

quarta-feira, agosto 26, 2009

Paice Ashton Lord: vida (breve) após o Deep Purple

O Deep Purple se separou em 1976. Desfeito o MK IV, Glenn Hughes (baixo), David Coverdale (vocal) e Tommy Bolin (guitarra) seguiram em carreira solo.

O baterista Ian Paice e o tecladista Jon Lord partiram em busca de um novo grupo. Com o vocalista Tony Ashton fomaram o Paice Ashton Lord, completado por Bernie Marsden (guitarra) e Paul Martinez (baixo).

A banda acabou pouco tempo depois, em 1977, por conta da dificuldade de Ashton em lidar com grandes públicos. Dessa união saiu Malice In Wonderland, lançado no mesmo ano via Warner Bros. Records.

Produzido pelo próprio Tony Ashton, que é também tecladista, o disco traz uma sonoridade interessante, que mistura o peso do hard rock setentista com a levada suingada do funk. Não chega a ser um clássico, mas é um ótimo registro. Se você gosta do Come Taste the Band, do Deep Purple, não deixe de ir atrás.

Ouça Arabella, de Malice In Wonderland (1977).

segunda-feira, agosto 24, 2009

O disco que me fez gostar de mpb

Comecei a ouvir música tarde, aos 12 anos, quando descobri o Green Day por meio do meu irmão, Rafael. A partir daí o rock tomou conta da minha vida. Um pouco depois ouvi Megadeth, minha banda preferida desde então, e essa paixão não cessa.

Até os 20 anos só gostava de som pesado, não admitia nada vindo de outro mundo que não fosse o meu. Como diria um amigo, tinha pré-conceitos sobre o desconhecido. Minha sorte mudou ao conhecer esse disco, responsável por ter aberto a minha cabeça.

Se tivesse permanecido radical como era em outros tempos não teria a oportunidade de entrevistar Milton Nascimento para o meu Trabalho de Conclusão de Curso. Também não conheceria a beleza da música brasileira e o improviso do jazz, por exemplo. Seria infeliz.

Vagabundo, gravado em 2003 e lançado pela Somlivre, tem um repertório escolhido a dedo. Composições de Jackson do Pandeiro, Martinho da Vila, Itamar Assumpção, João Ricardo e Pedro Luís, cantadas de forma primorosa por Ney Matogrosso, nosso maior intérprete.

A parte instrumental do álbum, a cargo da banda carioca Pedro Luís e a Parede, é de uma riqueza e criatividade impressionantes. Violões, guitarras, saxofones, alaúdes, cavaquinhos e uma infinidade de instrumentos de percussão, tudo milimetricamente encaixado.

Dizer que esse disco mudou a minha vida não seria exagero. A sua importância reflete apenas a qualidade contida nessas 14 canções maravilhosas. Indicado pra quem deseja conhecer a música brasileira.

Veja Noite Severina, do DVD Vagabundo - O Filme.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Straw, o clássico perdido do britpop

O rock dos anos 90 pode ser dividido em dois grandes movimentos. Nos Estados Unidos, o Nirvana e o grunge mudaram os conceitos que as pessoas tinham sobre o estilo.

Na Europa, a ascenção de grupos como Oasis e Blur colocou o britpop em pé de igualdade com o gênero americano, tanto em influência quanto em popularidade.

O sucesso dos britânicos impulsionou a criação de inúmeras bandas dispostas a fazer o mesmo som simples e de forte apelo comercial. Chegou um momento em que o mercado saturou e bons grupos ficaram pelo caminho, como é o caso do Straw.

O quarteto de Bristol, Inglaterra, formado por Mattie Bennett (guitarra e vocal), Mark Blackwell (teclado), Andy Nixon (bateria) e Dave McKinna (baixo), é daqueles exemplos de artistas que gravam um trabalho e somem do mapa sem explicação.

Uma pena, pois Shoplifting, que foi lançado pela Warner Music Group em abril de 1999, é o clássico perdido do britpop. Um disco cheio de energia, despretensioso e cativante, como há tempos não ouvia.

Ouça United States of Amnesia, faixa oito de Shoplifting.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Wolfmother solta mais um single do novo disco

Todo mundo já ouviu falar ou leu em algum lugar que o rock está morto. De tempos em tempos surge uma banda que vai salvar o gênero da extinção. Bobagem. Como se o rock precisasse de salvação.

No início deste século tivemos os Strokes e, mais recentemente, o Wolfmother. O trio australiano, que é liderado pelo guitarrista e vocalista Andrew Stockdale, disponibilizou no último dia 17 New Moon Rising, segundo single do novo disco.

Cosmic Egg, que estará nas lojas no mês de outubro, tem o seu lançamento cercado de grande expectativa. O primeiro álbum, homônimo, de 2005, alcançou a posição 22 nas paradas da Billboard e levou o Grammy de melhor performance hard rock pela música Woman. Nada mal para um grupo estreante.

Outro fator importante é a troca de formação. Com a entrada do guitarrista Aidan Nemeth, o Wolfmother passa a ser um quarteto. Chris Ross (baixo e teclado) e Myles Heskett (bateria) saíram e foram substituídos por Ian Peres e Dave Atkins.

New Moon Rising e Back Round, as novas músicas, não acrescentam nada ao som da banda, que bebe nas fontes do sagrado hard rock setentista, principalmente Led Zeppelin e Black Sabbath. Esse disco promete.

Ouça New Moon Rising, novo single do Wolfmother.

terça-feira, agosto 18, 2009

Blotted Science: mais uma loucura de Ron Jarzombek

Formado em 2004 na cidade de San Antonio, Texas, o trio de metal progressivo Blotted Science é composto hoje por Ron Jarzombek (guitarra), Alex Webster (baixo) e Charlie Zeleny (bateria).

The Machinations of Dementia vinha sendo preparado desde o início do grupo com o baterista Chris Adler, que saiu por causa de seus compromissos com o Lamb of God.

Derek Roddy (ex-Hate Eternal) assumiu as baquetas por seis meses e também zarpou, dessa vez pelas famosas divergências musicais. Só conseguiram finalizar o disco em 2007, após a entrada de Zeleny, outro monstro no instrumento.

As 16 faixas instrumentais do álbum transbordam técnica e tudo soa como um Spastic Ink mais pesado. Em certos momentos a complexidade é tão absurda que faria inveja ao pessoal do Dream Theater e seus fãs.

Ron Jarzombek apareceu nos anos 80 com os grupos S.A. Slayer e Watchtower. Na década seguinte formou o já citado Spastic Ink e gravou com o Gordian Knot. O Blotted Science é a última loucura do guitarrista, um dos músicos mais criativos e subestimados do estilo, acredito.

Ouça Synaptic Plasticity, do disco The Machinations of Dementia.

sexta-feira, agosto 14, 2009

15 anos do maior clássico do reggae nacional

1994 foi um ano marcante na minha vida. A Copa do Mundo nos Estados Unidos despertou em mim a paixão pelo futebol (Romário é o cara).

Outra coisa da qual não me esqueço foi a aquisição de um CCE SS-5880. O CD ainda era novidade no Brasil e, para inaugurar o aparelho de som compramos Sobre Todas as Forças, do Cidade Negra.

O terceiro disco do grupo de reggae carioca, formado em 1986, marcava a estreia do vocalista Toni Garrido. O substituto de Ras Bernardo deu um tempero pop ao som da banda, sem esquecer a levada deliciosa do ritmo caribenho.

Produzido pelo renomado Liminha, Sobre Todas as Forças vendeu mais de 800 mil cópias. Com participações de Gabriel o Pensador e Shabba Ranks, e músicas como Querem Meu Sangue e Pensamento, esse álbum foi responsável por levar o estilo ao grande público.

Nos três discos seguintes (O Erê, Quanto Mais Curtido Melhor e Enquanto o Mundo Gira) o Cidade Negra manteve o trabalho de qualidade, mas sem o sucesso de antes, claro. Seria impossível superar o maior clássico do reggae nacional.

Ouça A Sombra da Maldade, oitava faixa de Sobre Todas as Forças.

quinta-feira, agosto 13, 2009

As aventuras de um metalhead pelo jazz

O guitarrista norte-americano Alex Skolnick, nascido em Berkeley (29 de setembro de 1968), Califórnia, possui uma trajetória curiosa. Abandonou o Testament no auge do sucesso, em 1993.

A alegação de que estava desanimado em relação ao metal não colou, já que em seguida entrou para o Savatage, grupo com o qual gravou o ótimo Handful of Rain.

Em 2001, regravou algumas músicas com o Testament para uma coletânea e retornou em definitivo quatro anos depois, quando lançaram Live In London. Hoje, o guitarrista diz que precisava desse tempo afastado para amadurecer como pessoa e músico.

A partir da metade da década de 90, Alex Skolnick se enveredou para o jazz fusion. Produziu dois álbuns com o Attention Deficit e, em 2001, formou o seu trio. Com Nathan Pack (baixo) e Matt Zebroski (bateria) gravou três discos, que trazem releituras jazz para clássicos do rock e composições próprias.

Se o Testament é considerado um dos maiores grupos do thrash metal, muito se deve a esse guitarrista, de longe o mais habilidoso do gênero. Por conta dessas aventuras pelo jazz, Skolnick se tornou um músico completo. Isso fica claro em The Formation of Damnation (2008), último trabalho da banda.

Ouça a versão jazz do Alex Skolnick Trio para Money (Pink Floyd).

segunda-feira, agosto 10, 2009

Ian Anderson = Jethro Tull = Ian Anderson

Poucas bandas têm no seu líder a identificação que o Jethro Tull possui com Ian Anderson MBE. Sendo o único remanescente da primeira formação do grupo, podemos dizer que Anderson e o Tull são a mesma coisa.

O cantor, compositor, multi-instrumentista e criador de salmão, que nasceu num dia 10 de agosto (1947), em Dunfermline, Escócia, é um dos artistas mais geniais já vistos por aí.

Aos 12 anos, mudou com a família para Blackpool, norte da Inglaterra, país onde viria a fundar, em 1967, o Jethro Tull. Em pouco tempo a banda se tornaria um fenômeno graças ao lançamento de discos como Aqualung e Thick as a Brick, duas obras-primas.

Como explicar que um som complexo como o do grupo, que reúne elementos do blues, hard rock, folk, progressivo e da música erudita, soe tão acessível e harmonioso? É essa a mágica de Ian Anderson, um sujeito cuja voz gentil acalma e a flauta encanta. Sem falar na performance amalucada do britânico que é um show a parte.

A exemplo do post anterior, a homenagem é merecida. A contribuição desse figura para a música, em especial o rock, não tem preço. Alguém aí conhece uma banda mais fantástica que o Jethro Tull?

Ouça My God, do disco Aqualung, de 1971.

sexta-feira, agosto 07, 2009

51 anos da voz da Donzela de Ferro

Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden e amigo de Mr. Bean, apaga 51 velinhas hoje. O inglês, que é também piloto da Monarch Airlines, apresentador de rádio e esgrimista, nasceu em Worksop, Nottinghamshire.

O cantor gravou o primeiro single da carreira com o Speed, em 1980. No mesmo ano passou a integrar a banda do guitarrista Paul Samson, com a qual gravou os álbuns Head On e Schock Tactics.

Os dois trabalhos tiveram boa repercussão e Bruce Dickinson foi chamado para fazer um teste no Iron Maiden. Com o substituto de Paul Di'Anno o grupo levou o heavy metal a um outro nível de popularidade.

Mas todo o sucesso da Donzela de Ferro não bastava. Bruce saiu da banda em 1993 para continuar a carreira solo iniciada três anos antes com Tattooed Millionaire. No período em que esteve fora (até 1999) gravou mais quatro discos, todos ótimos e com uma proposta diferente do hoje sexteto britânico.


De volta para o Iron Maiden, novos trabalhos e turnês ao redor do mundo, incluindo passagens pelo Brasil (2001, 2004, 2008 e 2009). Por todo o talento vocal e a energia em cima dos palcos, Bruce Dickinson tem seu lugar garantido entre os maiores nomes na história da música pesada.

Veja o clipe de The Tower, do Chemical Wedding, de 1998.

quarta-feira, agosto 05, 2009

Quem diabos é Buckethead?

Uma das coisas que mais me intrigam desde que eu comecei a gostar de música é saber qual a verdadeira imagem do Buckethead. Quem diabos é esse monstro da guitarra com um balde de frango frito na cabeça?

A primeira vez que o vi foi no Rock In Rio III, tocando com o Guns n' Roses. A performance esquisita do mascarado, aliada a sua técnica incrível, só aumentam o mistério em torno desse personagem.

Brian Patrick Carroll, seu nome de bastismo, é bizarro na mesma proporção em que é genial. Não deve nada aos grandes mestres no quesito velocidade (veja), além de ser um compositor de mão cheia, capaz de escrever músicas nos estilos mais diversos.

Buckethead é, também, uma máquina de produzir discos. Só na carreira solo são mais de 30, sem contar os trocentos álbuns que gravou com os inúmeros projetos e bandas pelos quais já passou. Será que um dia ele irá tirar a máscara? Melhor não, talvez perca a graça.

Ouça toda a sensibilidade do guitarrista em Watching the Boats With My Dad, do disco Colma, de 1998.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Ana Carolina comemora 10 anos de carreira com novo disco e parceria com John Legend

Comemorando 10 anos de carreira em 2009, a cantora, violonista e compositora mineira Ana Carolina gravou N9ve, seu quinto trabalho de estúdio. O álbum será lançado no dia 07 desse mês pela Sony BMG.

Ao contrário de Dois Quartos, último disco da artista, N9ve é breve, possui apenas nove faixas. O direcionamento musical tomado, mais eletrônico, é novidade em sua trajetória, também.

Mas o que mais me chamou atenção nisso tudo foi a participação especial de John Legend. O cantor e pianista americano, vencedor de seis Grammy, assina a versão da música Entreolhares, que estreou nas rádios em todo o Brasil no dia 29 de julho.

Ana Carolina está seguindo a tendência de unir uma cantora brasileira com um astro internacional da música. Vanessa da Matta (Ben Harper), Wanessa Camargo (Ja Rule) e Negra Li (Akon) foram os exemplos mais recentes.

Se alguém me dissesse no meu tempo de metaleiro que eu ouviria John Legend (sou fã) e teria um blog em que escreveria sobre a Ana Carolina, provavelmente me acabaria de tanto rir. O mundo dá voltas mesmo.

Ouça Ana Carolina e John Legend em Entreolhares. Letra.