segunda-feira, março 30, 2009

O quarto maior guitarrista de todos os tempos

Nascido no vilarejo de Ripley, Inglaterra, no dia 30 de março de 1945, Sir Eric Patrick Clapton é o único artista a ser indicado três vezes ao Rock and Roll Hall of Fame. Também foi eleito pela Rolling Stone como o quarto maior guitarrista de todos os tempos, atrás somente de Jimi Hendrix, Duane Allman e B.B. King.

A trajetória do Slow Hand é nada menos que gloriosa. Aos 18 anos, entrou para o lendário grupo Yardbirds, pelo qual também passaram os não menos talentosos Jeff Beck e Jimmy Page. Em 1966, formou com Ginger Baker (bateria) e Jack Bruce (baixo e vocal) o Cream, primeiro supergrupo da história.

O fascínio que o jovem guitarrista exercia nos jovens britânicos era tamanho que foi vista nas paredes do metrô de Londres, em 1965, a famosa pichação "Clapton é Deus". Com a dissolução do Cream, Eric Clapton e Ginger Baker se juntaram ao guitarrista Steve Winwood e o baixista Rick Grech, ambos do Traffic, e criaram outra banda estelar, o Blind Faith.

O Blind Faith não durou nem um ano e, em 1970, Clapton lançou o disco Layla & Other Assorted Love Songs, com mais um de seus projetos, o Derek & the Dominos, um dos grandes momentos da sua carreira. É desse álbum que saiu a sua música mais famosa, Layla. No mesmo ano, o guitarrista gravou o seu primeiro trabalho solo, homônimo.

De lá pra cá foram 16 discos de estúdio, sendo o último Back Home, de 2005, outros tantos ao vivo, além de parcerias com artistas como B.B. King, George Harrison, Mark Knopfler, Jeff Beck, J.J. Cale, entre outros. Exagero ou não, o fato é que Eric Clapton, que completa 64 anos hoje, é um dos personagens mais importantes na história do rock.

Veja o clipe de I Ain't Gonna Stand For It, cover de Stevie Wonder presente no disco Reptile, de 2001.

quinta-feira, março 26, 2009

Os piratas do rock progressivo

O Kansas é aquele tipo de banda injustiçada. Criado no início dos anos 70, em Topeka, estado do Kansas, o grupo comemora neste mês de março 35 anos de lançamento do primeiro disco, autointitulado.

A formação clássica, composta por Steve Walsh (voz e teclados), Kerry Livgren (guitarra e piano), Dave Hope (baixo), Phil Ehart (bateria), Robby Steinhardt (violino) e Rich Williams (guitarra), é responsável por verdadeiras obras-primas do rock progressivo como Leftoverture (1976) e Point of Know Return (1977).

A injustiça ocorre da mesma forma com o Eagles. A maioria das pessoas só conhece Hotel California e perde a oportunidade de apreciar ótimos discos. No caso do Kansas o problema aparece com Dust In the Wind e, se for pedir demais, Carry On Wayward Son.

Nos anos 80 o grupo tomou outro rumo. Com John Elefante nos vocais e, posteriormente, Steve Morse nas guitarras, o Kansas adotou de vez um som mais hard rock, de forte apelo comercial. Apesar de ter lançado coisas boas, não é de longe a banda que eu aprendi a gostar.

Atualmente, o agora quinteto (com três membros originais) está em turnê pelos Estados Unidos, com datas agendadas até dezembro. Está previsto para 2009, também, o lançamento do DVD de um show realizado no início deste ano na cidade natal do grupo.

Ouça What's On My Mind, do disco Leftoverture.

terça-feira, março 24, 2009

A morte de um artista

Essa capa é mais do que emblemática. Chris Cornell quer acabar com o rock. Jogou a sua carreira de sucesso no lixo ao gravar o (ridículo) disco Scream, lançado no dia 10 de março, via Interscope Records.

Certas coisas eu não entendo. O vocalista de 44 anos, nascido em Seattle, Washington, é a maior decepção musical que eu tive nos últimos tempos. Produzido pelo astro Timbaland, Scream é risível, chego a ficar constrangido quando ouço.

Chris Cornell fez parte de bandas como o Soundgarden, uma das melhores dos anos 90, o Audioslave, sucesso de público e crítica, além do supergrupo Temple of the Dog. É inconcebível, pra mim, que o autor da linda Black Hole Sun tenha gravado uma música como Part of Me.

As guitarras e os vocais inspirados de outrora deram lugar às batidas sem-vergonha do produtor e também cantor Timbaland. As críticas têm sido as piores possíveis, de todos os lugares. Chris Cornell cometeu suicídio musical. O artista que eu tanto admirava morreu.

Ouça a faixa título, um dos cinco singles lançados no ano passado.

sexta-feira, março 20, 2009

Apresentando: Marsalis Family (Branford)

Branford é o filho mais velho do grande pianista e educador Ellis Marsalis. Nem o mais otimista cogitaria que quatro dos seis filhos do patriarca da família Marsalis seriam famosos músicos de jazz.

O saxofonista Branford Marsalis, nascido no estado de Louisiana, no dia 26 de agosto de 1960, é o segundo mais bem-sucedido rebento do Sr. Marsalis. Vencedor de três prêmios Grammy, só perde para Wynton (trompete), que tem nove estatuetas. Completam o time Jason (bateria) e Delfeayo (trombone).

Corrijam-me se eu estiver errado, mas os Marsalis são a família mais talentosa da história da música. Nunca soube de cinco pessoas do mesmo sangue que obtiveram o sucesso e reconhecimento deles. É uma prova cabal de que algumas pessoas nascem, sim, com o dom para a arte. Não vejo outra justificativa.

Voltando ao nosso personagem, Branford excursionou com mestres do jazz como o baterista Art Blakey, o pianista Herbie Hancock e os trompetistas Dizzy Gillespie e Miles Davis. Tocou e gravou também com o Sting e o Grateful Dead.

O saxofonista começou a sua vitoriosa carreira solo em 1984 com o disco Scenes In the City. De lá pra cá foram mais 19 trabalhos, incluindo o álbum Metamorphosen, lançado no dia 17 de março pela Marsalis Music, gravadora fundada por Branford em 2002.

Ouça a maravilhosa Gloomy Sunday, faixa três do disco Eternal (2004).

quarta-feira, março 18, 2009

Jerry Cantrell: um verdadeiro grunge

O grunge foi o movimento musical que derrubou o Guns 'N' Roses e o hard rock do topo das paradas de sucesso no início dos anos 90. E isso quer dizer muita coisa. Desde o lançamento do clássico Appetite For Destruction (1987), o quinteto liderado por Axl Rose se mantinha invencível na venda de discos.

Apareceu o Nirvana com Nevermind (1991), disco que apesar de muitos não concordarem, mudou o conceito que milhões de pessoas tinham sobre o rock. Sem falar na influência que exerceu (e exerce até hoje) em centenas de bandas criadas após dele.

Ótimas bandas surgiram na mesma época e tiveram grande destaque também como Pearl Jam e Soundgarden. Mas a melhor do gênero foi, sem dúvida, o Alice In Chains. Tudo devido ao talento de dois caras: o já falecido vocalista/letrista Layne Staley e, principalmente, do também vocalista, guitarrista e compositor Jerry Cantrell, que hoje completa 43 anos.

Nascido em Tacoma, Washington, o músico se diferencia da maioria dos guitarristas das bandas do estilo pela técnica apurada, com seus riffs e solos que beiram o heavy metal. Jerry Cantrell lançou dois discos solo, Boggy Depot (1998) e Degradation Trip (2002), este último duplo. São dois álbuns que poderiam estar perfeitamente entre os trabalhos do Alice In Chains.

Apesar de Layne Staley dar vida à melancolia das letras do grupo, Cantrell era a alma da banda. Depois da morte do vocalista, há sete anos, o guitarrista vem tentando sem sucesso uma volta do AIC, o que está atrasando a gravação do seu terceiro disco, cujo lançamento estava previsto para 2006.

Ouça Them Bones, do disco Dirt, de 1992.

segunda-feira, março 16, 2009

Rock and roll sertanejo

A história é conhecida. Dois irmãos do interior, impulsionados pela vontade do pai em ver os filhos fazerem fama e, consequentemente, ganharem rios de dinheiro com a música sertaneja, partem para a cidade grande a fim de tentarem a sorte.

Pois bem. O sonho do seu Jerônimo Silva realizou-se. A dupla paulista Edson & Hudson, junta há 28 anos, se tornou um grande sucesso no Brasil inteiro, tendo alcançado a expressiva marca de 1,5 milhão de discos vendidos.

Hudson Cadorini, segunda voz e guitarrista, nunca escondeu a sua paixão pelo rock and roll. Algumas vezes me surpreendi acompanhando algumas apresentações ao vivo da dupla e fiquei impressionado com o talento do músico, fazendo solos inspiradíssimos em meio a canções românticas.

A repercussão de suas improvisações nos shows e programas de tv foi tanta que recebeu um convite no ano passado para gravar um trabalho solo. Tendo como banda de apoio o baterista Ivan Busic e o baixista Andria Busic, ambos do Dr. Sin, lançou Turbination, em julho, pela gravadora Dynamo Records.

Ouvidos atentos vão encontrar influências de Eddie Van Halen e Joe Satriani. Mas o que ouvimos em Turbination é um artista tentando criar a sua própria identidade. E conseguiu. Um disco muito agradável de se ouvir, com aquela pegada e sensibilidade que todo guitarrista de rock deveria ter.

Ouça Deep Van Riff, primeira faixa de Turbination.

sexta-feira, março 13, 2009

A utopia de Todd Rundgren

Você pode nunca ter ouvido falar do compositor, músico e produtor americano Todd Rundgren, mas com certeza conhece algum trabalho dele. Nascido na Pensilvânia no dia 22 de junho de 1948, Rundgren é um workaholic.

Em 1970, aos 22 anos, iniciou a sua prolífica carreira solo com o disco Runt. Como produtor, Todd Rundgren tem um currículo respeitável. Produziu discos clássicos como We're An American Band (1973), do Grand Funk Railroad, e Bat Out of Hell (1977), do cantor e ator Meat Loaf.

De todas as bandas que o artista formou ou participou, a que mais teve sucesso foi o Utopia, um sexteto de rock progressivo que incluía curiosamente três tecladistas. Criado em 1974, em Nova Iorque, o grupo lançou 10 discos nos 12 anos em que esteve ativo.

Em 1977, o Utopia lançou o segundo disco, o conceitual Ra (foto), que reverencia o deus Ré (ou Rá), maior divindade da mitologia egípcia. Apesar de mais comercial que o primeiro trabalho, o álbum ainda mantém as raízes fincadas no rock progressivo e apresenta um som intrincado, melodioso, com harmonias vocais esquisitas e toques de jazz e hard rock.

Ouça Magic Dragon Theatre, música dois do disco Ra (1977).

quarta-feira, março 11, 2009

O ano do Mastodonte

Se tem uma banda hoje nos Estados Unidos que merece a nossa atenção é o Mastodon. O grupo é um dos principais responsáveis por trazer o heavy metal de volta ao mainstream, fenômeno que a mídia caracterizou de New Wave of American Heavy Metal (NWOAHM), em alusão ao movimento britânico surgido no final dos anos 70.

Formada em 1999 na cidade de Atlanta, Geórgia, por Brann Dailor (bateria), Brent Hinds (guitarra e vocal), Bill Kelliher (guitarra) e Troy Sanders (baixo e vocal), a banda chega ao quarto e provavelmente melhor trabalho da carreira com Crack the Skye. Produzido e mixado por Brendan O'Brien, que já trabalhou com o AC/DC e Stone Temple Pilots, o disco será lançado dia 24 de março, via Reprise Records.

A música do Mastodon é uma improvável e fantástica mistura de estilos. Mais progressivo e ambicioso do que nunca, o som do quarteto ainda apresenta elementos de hardcore, jazz e southern rock. É impressionante como toda essa experimentação e criatividade podem soar de uma maneira tão harmoniosa. Crack the Skye tem tudo para estar entre os melhores lançamentos de 2009. Simplesmente Genial.

Ouça duas músicas do disco, aqui.

segunda-feira, março 09, 2009

Apesar de histórico, ficou devendo

Foto: William Kair
Passada a empolgação por ter assistido o show do Deep Purple na última quinta-feira (05/03), em Florianópolis, tive vontade de escrever sobre a apresentação dessa entidade do rock.

O concerto foi histórico por vários motivos. A cidade nunca recebeu um show desse porte. O Deep Purple foi a maior banda que já passou por aqui. O Nazareth também tocou na mesma casa noturna, em 2007, mas os grupos não se comparam.

Talvez pela capital de Santa Catarina nunca ter sediado um evento dessa magnitude é que apareceu o grande problema. O Floripa Music Hall não tem condições de abrigar um show do Deep Purple. Lugar pequeno, todo mundo apertado, filas imensas nos caixas e o calor insuportável.

Musicalmente falando, definitivamente não foi o que eu esperava. A atual formação, junta desde 2002, está na ponta dos cascos. O instrumental estava perfeito, tudo muito coeso. O único senão da banda ficou por conta do vocalista Ian Gillan. Aos 63 anos e possivelmente com uma gripe, não segurou uma música.

O repertório também poderia ser melhor. Tocar só uma música do In Rock (1970) e Fireball (1971) e uma faixa bônus do Rapture of the Deep (2005) foi sacanagem. Isso sem contar os solos intermináveis de Steve Morse (guitarra) e Don Airey (teclado), ambos chatíssimos.

Fui embora insatisfeito. Será que eu tô muito cri-cri ou o show não foi mesmo essa maravilha que o pessoal saiu falando por aí?