quarta-feira, julho 28, 2010

O puro heavy metal do Grand Magus

Fundado em 1996, em Estocolmo, Suécia, o Grand Magus gravou o seu primeiro trabalho somente após cinco anos. No mês passado, o trio lançou Hammer of the North, seu quinto álbum, pela Roadrunner Records alemã.

O grande trunfo do grupo é o vocalista, guitarrista Janne "JB" Christoffersson, que saiu recentemente do Spiritual Beggars para se concentrar somente no Grand Magus. Além de ser um cantor incrível, o cara ainda manda bem nas seis cordas.

Tanto nas composições mais rápidas, como a furiosa I, the Jury, que abre o disco, quanto no encerramento, com a cadenciada Ravens Guide Our Way, o trio, completado por Fox Skinner (baixo) e Sebastian Sippola (bateria), abusa da simplicidade e faz um som direto e pesado.

Se com Iron Will, lançado em 2008, o Grand Magus tinha dado um grande passo para a saída do underground, com o novo álbum as portas do sucesso foram escancaradas. Nada mais justo, pois Hammer of the North é fantástico.

No dia 25 de janeiro, escrevi que o Orphaned Land gravou o melhor disco de 2010. Duvidei que algum grupo superasse os israelenses, mas estava enganado. Pensar na lista de final de ano está cada vez mais difícil. Culpa do Grand Magus e do seu puro heavy metal.

Veja o clipe de Hammer of the North.

quarta-feira, julho 21, 2010

A melodia pesada do Flametal

Os leitores do blog já puderam conferir clássicos do rock e heavy metal transformados brilhantemente em jazz pelo guitarrista Alex Skolnick (Testament) e seu trio.

Se com o jazz as canções ganharam um ar requintado, imaginem como seria ouvir Iron Maiden, Slayer e Megadeth em versões de música flamenca, com todos aqueles dedilhados sensacionais e as batidas das castanholas.

Heavy Mellow é o terceiro disco do Flametal, lançado de forma independente no mês de maio. Como o nome explicita, o grupo liderado guitarrista Benjamin Woods une em suas composições o peso do heavy metal com a técnica apurada e bravura do flamenco.

Nos dois primeiros álbuns do Flametal, gravados em 2005 e 2008, Woods resolveu apostar em material próprio. Os trabalhos foram bem aceitos, mas não alcançaram a repercussão desejada. Talvez por isso, o exímio guitarrista voltou sua atenção para as releituras, a fim de conseguir maior atenção da mídia especializada.

Apesar de ser tecnicamente perfeito, não é o tipo de som que a gente pode ouvir a qualquer hora, todos os dias. Vale mais pelo caráter inusitado e pela curiosidade em ouvir temas como Gates of Babylon (Rainbow), Bark at the Moon (Ozzy), Sails of Charon (Scorpions) e muitas outras na guitarra flamenca.

Ouça Aces High, faixa de abertura de Heavy Mellow.

segunda-feira, julho 19, 2010

Sound Session #10 (Dave Meniketti)

Dave Meniketti está na ativa desde 1974, quando formou na Califórnia o Y&T. Mesmo com quatro milhões de discos vendidos ao redor do mundo e 12 trabalhos de estúdio gravados, o grupo nunca foi citado entre os grandes do hard rock/heavy metal, tão pouco Meniketti é tido como um músico influente. Seus dois álbuns solo (de 1999 e 2002) passaram igualmente despercebidos, mas revelam as habilidades de Meniketti nas seis cordas e como vocalista. Ouça o blues Loan Me A Dime.

quinta-feira, julho 15, 2010

Viva a Sociedade Soul

A primeira coisa que chama a atenção no trabalho de estreia da Sociedade Soul, lançado no dia 9 com um grande show no TAC (Teatro Álvaro de Carvalho), em Florianópolis, é o caprichado encarte, que contém todas as letras e informações sobre o disco.

A produção cristalina do álbum, assinada pelo mago do mundo fonográfico catarinense, Ricardo Vidal, que já trabalhou com o Dazaranha e O Rappa, é outro ponto que deve ser destacado. Os grooves e o balanço são inebriantes.

Os responsáveis por fazer esse som dançante e de alto apelo radiofônico são Gustavo Barreto (ex-Phunky Buddha, vocal e guitarra), Marco "Nego" Aurélio (baixo), Diego Carqueja (teclados) e André FM (bateria e percussão). As influências são as melhores possíveis, de Tim Maia a George Clinton.

É complicado escolher as melhores em um disco tão bacana como esse, mas posso citar Caminho do Meio (não tem como ficar parado!), a deliciosa Comigo Aqui, Comigo Lá e Contradição e seus riffs distorcidos como as minhas preferidas. A faixa-título também rouba a cena.

Como a Sociedade Soul pode ser independente? Onde estão as gravadoras? Os caras são bons demais para ficarem conhecidos somente do público daqui. Esse quarteto de Floripa é a prova de que ainda se faz música de qualidade no Brasil, apesar do que vemos por aí nos fazer pensar o contrário. Viva a Sociedade Soul!

Veja o clipe de Jardim das Delícias.

terça-feira, julho 13, 2010

Dia mundial do rock completa 25 anos

Quando o músico irlandês Bob Geldof organizou o Live Aid, no dia 13 de julho de 1985, mal sabia ele que a data seria escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o Dia Mundial do Rock.

Para não deixar passar batido, resolvi prestar (de novo) uma homenagem ao grande Ronnie James Dio, o melhor vocalista do gênero, que completaria 68 anos se estivesse entre nós.

Depois do seu falecimento, no mês de maio, tributos e mais tributos chegam ao mercado tentando ganhar algum em cima do carismático baixinho. A exceção fica por conta do cantor norueguês Jorn Lande, que desde o ano passado vinha trabalhando em um álbum dedicado a ele.

Fã declarado do vocalista, Jorn já tinha gravado duas músicas de Dio no disco Unlocking the Past, de 2007. Com a morte dele, houve gente que o chamou de oportunista, mas quem o conhece sabe que Dio é apenas um tributo ao ídolo.

O que importa é que o disco, cujo repertório mescla canções da carreira solo do baixinho e da sua passagem pelo Black Sabbath, é um trabalho honesto, do qual Dio ficaria feliz e orgulhoso em ouvir.

Ouça abaixo a inédita Song For Ronnie James, que ganhou um clipe, que pode ser visto clicando aqui.

sexta-feira, julho 09, 2010

Novos rumos para o Danger Danger

A avalanche de hard rock que aconteceu nos anos 80, motivada pelo sucesso de Mötley Crüe e Poison, infestou o cenário musical com muita porcaria, mas também deu oportunidade para grupos como o Danger Danger.

A banda surgiu em Nova Iorque, em 1987, e tinha em sua formação os talentosos Andy Timmons (guitarra) e Ted Poley (vocal), que gravaram os dois primeiros discos do Danger Danger, em 1989 e 1991.

Dois anos depois, Ted e Andy saíram do grupo. O baixista Bruno Ravel se encarregou das guitarras e o ótimo vocalista Paul Laine foi contratado. Com exceção do fraco Dawn, de 1995, a banda não decepcionou nos três trabalhos seguintes. Pena que o hard rock já tinha perdido força faz tempo e os álbuns não tiveram a devida repercussão.

No ano passado, o grupo lançou Revolve, o primeiro com o guitarrista Rob Marcelo. O disco também marca a volta de Poley aos vocais após 18 anos. O que ouvimos são belas melodias, refrões grudentos e ótimos riffs e solos de guitarra, características do hard rock.

Se o Danger Danger era considerado do segundo escalão do estilo, não será mais. Eles devem aproveitar o bom momento e, sendo dos poucos remanescentes, conquistar uma posição maior entre os grandes nomes do gênero. Qualidade não falta.

Ouça Beautiful Regret.

quarta-feira, julho 07, 2010

A volta às origens do KoЯn

No próximo dia 13, o KoЯn lança nos Estados Unidos III - Remember Who You Are, nono álbum de estúdio, pela Roadrunner Records. Apesar de não ter nenhuma música memorável, o trabalho é consistente como poucos na discografia do grupo.

Os detratores podem ter os seus motivos para não gostar da banda, mas justificar que eles são new metal é pura ignorância. Se tem uma coisa que não se compra por aí é identidade. Não existe outro KoЯn.

Ross Robinson (Sepultura, Limp Bizkit, Slipknot, entre outros) é o responsável pelo resgate da sonoridade praticada nos dois primeiros álbuns do grupo, - KoЯn (1994) e Life is Peachy (1996) - dos quais foi o produtor e engenheiro de som.

O resultado alcançado é não menos que impressionante. Todo o peso descomunal das guitarras de Munky, o incondível timbre do baixo de Fieldy e os fantásticos, porém esquisitos vocais de Jonathan Davis estão em Remember Who You Are. Menção honrosa para o baterista Ray Luzier pelo excelente trabalho.

Um ótimo clipe foi gravado para Oildale (Leave Me Alone), primeiro single do disco, lançado no dia 4 de maio. O KoЯn apostou na simplicidade dessa vez e, mesmo assim, continua sendo uma das melhores e mais originais bandas da sua geração.

Ouça The Past.

domingo, julho 04, 2010

Sound Session #9 (India.Arie)

Após alguns finais de semana de inatividade, a Sound Session está de volta. A estrela desse post é a cantora norte-americana India.Arie. Apesar de ser uma ilustre desconhecida no Brasil, a talentosa artista do Colorado já tem quatro ótimos discos lançados, sendo o último, Love & Politics, no ano passado. Aos 34 anos e com muita estrada pela frente, India tem tudo para ser um dos grandes destaques da música pop. Competência (de sobra) ela tem, como você pode ouvir em Video, de 2001.

sexta-feira, julho 02, 2010

Sinatra & Jobim: o fecho da bossa nova

Em 1967, com o movimento bossa nova praticamente desfeito, o estilo teve o seu grande e último suspiro: a gravação do clássico LP Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim.

A parceria entre o maestro, compositor, pianista, arranjador e violonista carioca com Sinatra só poderia render um disco como esse, elegante e genial como poucos.

Em 2008, entrevistei o crítico musical do JB, Tárik de Souza, maior referência em música popular brasileira no país, para o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Sobre o disco, o jornalista comentou:

* É quase o fecho da bossa nova, aquela história que sempre é uma piada, que o primeiro mundo se curva ao terceiro mundo. E aí foi verdade. Um cantor ainda no auge do prestígio, que era considerado o maior cantor do mundo na época, chama um compositor do terceiro mundo para dividir um disco com ele. Inclusive cantando. Ele poderia chamar o Tom Jobim para fazer alguns arranjos, ou então para tocar um violão lá no fundo e ele gravar algumas músicas. Mas não, ele colocou o Tom também pra cantar. Isso é um reconhecimento espontâneo de artista para artista, da qualidade artística da bossa nova, e da relevância musical da bossa nova.

* Tárik de Souza Farhat, jornalista e crítico musical nascido no Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1946. Trabalhou na Veja, Folha de São Paulo, Istoé, Show Bizz, Playboy, entre outras publicações. Atualmente escreve para o Jornal do Brasil.

O que eu posso escrever depois disso? Veja os dois em ação num especial para a TV americana de 1967.